Padioleiros, honrem a Cruz

Leonardo Cunha
2 min readAug 12, 2021

Senhores, agradeço o tempo como instrutor (Curso de Formação de Cabos, 2021) de vocês. Peço perdão por não conseguir dar a devida atenção à formação de vocês em vista às outras demandas da Seção de Saúde do Batalhão. E agradeço a paciência e interesse de vocês durante a qualificação.

A situação que vivemos reflete bem a rotina de um profissional de saúde, militar ou civil. Equilibramos muitos pratos em situações que para muitos são insalubres e precárias. Enquanto alguns estão em tempo de paz, sempre vivemos em tempo de guerra, pois a enfermidade e a morte nunca cessam de atacar a humanidade.

Muitos podem achar "bizu" ser militar de saúde ou até dizer que militar de saúde não trabalha. Graças a Deus, pois como já disse um professor meu, "relaxa, se um médico tá dando risada, é porque está tudo certo". A Pandemia do Coronavírus (SARS-COV-2) lembrou à humanidade de que o profissional de saúde vive em uma guerra diária que até o mais operacional dos infantes tremeria. Estamos lá quando uma mulher da à luz a um feto morto, quando uma mãe recebe à notícia de óbito de um filho em um trauma automobilístico, quando uma idosa morre afogada no líquido dentro de seus pulmões diante dos nossos olhos ou quando um homem sangra até a morte a despeito de todas as condutas tomadas.

Muitos militares se orgulham de entoar "eu sou a morte". Bem, senhores, nós somos "a vida" e, quando possível, esmagamos a cabeça da morte com nossos esforços.

Clamamos: “Senhor, forja meu espírito" com coragem!”. Mas precisamos de mais do um aço com determinação, mas um coração com determinação para enfrentar os "espíritos da peste".

Honrem o sutache de cruz que carregam, ele simboliza o símbolo máximo da abnegação, do sacrifício e do amor. Segundo a tradição cristã, Deus se faz homem e é assassinado por um dos métodos mais cruéis da humanidade, a Cruz, para que seu sangue derramado servisse para pagar a dívida por todo egoísmo dessa mesma humanidade e estabelecesse a paz entre Deus e os homens.

Os militares de saúde podem não ser conhecidos por serem os mais forte, os mais operacionais ou os melhores atiradores. Mas nos devemos ser conhecidos por possuirmos o maior dos corações, o maior amor por nossos companheiros, a maior fé na missão e a maior esperança em favor da paz.

Um abraço, Aspirante Cunha.

Saúde! Boina preta! Brasil!

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Leonardo Cunha

Medicina Narrativa, Teologia Reformada e mais alguns Insights Aleatórios.