Eu sou feito de pó… E isso é divino!

Resenha de Notas da Xícara Maluca de ND Wilson

Leonardo Cunha
2 min readFeb 18, 2021

No prefácio do livro, Emílio Garofalo afirma que existem gênios que nós admiramos distantemente e aqueles que nos inspiram.
Os insights desse professor de Literatura apaixonado pelos detalhes aleatórios na vida me inspiram. Mais que isso, fazem-me querer inspirar.
Wilson apresenta de forma bela como esse mundo é maravilhoso, mas maravilhosamente complexo e confuso.
Nem sempre estamos prontos quando aparecem as oportunidades. E elas nem sempre aparecem quando estamos prontos. O mundo não gira no meu ritmo, inclusive ele gira num ritmo muito doido.
No mesmo universo que temos fisioterapia para cachorros, temos casa lotadas de órfãos abusados. No mesmo planeta que temos filmes água com açúcar temos fêmeas que devoram a cabeça de seus amados.
"Quem escreveu tudo isso? Quem orquestra tudo? Por que as coisas não fazem mais sentido?" Pensamos. Ingênuos, nem notamos nosso desejo megalomânico de reconfigurar a realidade com nossos 70 anos (ou um pouco mais) de validade.
A glória do homem é como a flor da relva, seca e cai. Mas a Glória de Deus está em cada pequeno processo desse mundo louco.
Cada passo da formiga, cada reação química, cada explosão solar. Deus conhece desde a fundação do mundo. Ele conheceu eu e você também. Inclusive foi Ele quem escolheu o montinho de barro que nos formou.
Vivemos construindo castelos de areias prontos para serem levados pelo mar. Se entendessemos a beleza do Criador que se faz bebê na manjedoura. Talvez não tivéssemos tanto nojo de fezes, vísceras e sangue. Se entendessemos o coro celestial que o cerca. Talvez não nos contentassemos com música gospel.
Nossa humanidade reflete a divindidade do único Deus triuno.
Abra mão do controle. Não se apegue tanto as suas metas. Viva a vida como uma aventura. Coma os banquetes e enfrente os trolls pelo caminho. Descubra tesouros e lamente a perda de seus queridos. Se esvazie para se encher.
Sinta o cheiro da chuva. Dê risada do primeiro cabelo branco. Cantarole um canção ruim. Seja humano e sendo humano se torne mais parecido com o maior humano de todos. Somos feitos de pó e isso é divino! Somos pinturas cantadas, esculturas vivas.
Wilson diz ensinar calouros a brincar com as palavras, espero ter aprendido um pouco com ele sobre isso e outras questões existenciais. Mas no fim, estaremos na mesma Pátria aprendendo a construir arcos narrativos com o Autor dos autores.

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Leonardo Cunha

Medicina Narrativa, Teologia Reformada e mais alguns Insights Aleatórios.